Sou idiota? Depende da cabeça de cada um

Hoje acordei com a cabeça fervilhando. Ontem fui tachada de idiota. E não me ofendi com o idiota não. Dependendo do ponto de vista sou mesmo. Clareou minhas ideias sobre o porque estamos deste jeito. Por fazer ou por não fazer algo. Com tudo errado, tanta violência, tanta falta de estrutura e tantas coisas mais. Nós não fazemos nada, ou muito pouco. Só reclamamos. Não olhamos para nosso umbigo pra ver onde erramos, onde podemos consertar e dar o exemplo. Precisamos tomar atitude dentro de casa, dar exemplo a nossa família, aos vizinhos e assim propagar. Os poucos que fazem fazem quietos e viram farinha do mesmo saco. Se sentem envergonhados até por fazer. Como eu ontem que poderia ter afundado na poltrona e ter mudado de atitude. Mas me recuso. Acho que temos que começar a espalhar atitudes coerentes e mostrar que podemos, que merecemos e tudo o mais. Mas vamos lá ao que fiz para ser tachada de idiota.

Ontem, chegando ao posto de saúde para Giulia  tomar vacina, fomos informadas que ela não poderia tomar porque não tinha carteirinha do SUS. E pra fazer precisava um comprovante de residência. Mas as coisas por lá estavam tão feias que a moça como nos viu meio perdidas na confusão,  pediu para colocarmos os nomes num papel, nosso endereço e telefone que assim ela faria. Mas estava sozinha e ia demorar. Podíamos sentar e esperar (ufa, tinha cadeira!). Quando chegou enfim a nossa vez, quando ela começava a fazer as ditas cujas  (sim, aproveitei pra fazer a minha também)  alguém chegava pra perguntar sobre a carteirinha e a vacina e assim por diante. E ela informava, se perdia, começava tudo de novo. Depois de uns 15 minutos a fila estava imensa, as pessoas chegavam e perguntavam e ela começava tudo novamente. Pensei: “Ou eu me irrito e começo a falar alto e xingar, ou….vou ajudar a tal senhora. Perguntei então pra ela se eu poderia ser voluntária. Ela rindo disse que sim. E então me levantei na maior boa vontade e por meia hora (sim, meia hora pra digitar e printar as duas carteirinhas) ajudei na fila, dei informações e distribuí papel pra ser preenchido, acalmei pessoas, mostrei onde era o toalete, avisava que o médico já tinha ido embora etc etc. A Giulia preocupada e de olho em mim ficou na fila da vacina para adiantar. 1 hora e meia depois saímos de lá mudas, sem saber se ria ou chorava. Mas eu  estava aliviada, com a sensação clara que a coisa tá feia mas teria sido pior se eu não tivesse ajudado. Me senti mais cidadã e com vontade de fazer mais coisas.

Sempre fui econômica e com a necessidade premente de se economizar mais água, fiquei mais atenta ainda aos desperdícios. E um deles aqui em casa era a água que sai do chuveiro até que ele comece a esquentar. No verão a gente sempre aproveita mais esta água fria, mas agora ela incomoda um pouco e acaba indo fora. Coloquei então baldes nos boxes  e cada um que toma banho enche estes baldes com a tal água fria. Levamos então depois os baldes para a máquina de lavar roupa. Você sabia que precisa uns 10 baldes pra encher a máquina? Haja água. Procuramos tomar banho sempre na mesma hora e assim o segundo banho já começa com água quente. Fora outras medidas que temos já por hábito,  acho que essa é a que mais economiza aqui em casa. Bem, num papo informal com umas amigas recebi o tal elogio junto com um monte de comentários tipo: “Que “tola” ninguém se importa com isso” e outra ” Eu tomo meu banho sossegada na academia e chego em casa pronta ” (como se a água da academia caísse do céu e não importava) “Minha empregada é ignorante e não adianta falar” etc etc etc  Meu Deus!! Será que somos poucos a ensinar os filhos a fazer alguma coisa?

Hoje, ao abrir o facebook  só vi orações, gatinhos e cachorrinhos felizes,  xingamentos a personalidades e políticos. Será que depois de tanto tempo de rede social chegamos a conclusão que só serve mesmo pra isso? Não há uma contrapartida de notícias com o que começamos a fazer ou sugestões para o que pode na verdade ser feito? Gente, nós precisamos de exemplos, de rumos, de objetivos concretos, de ações positivas e eficazes. Estamos nos especializando na fofoca, no xingamento, no compartilhar desgraça e a não fazer nada. O culpado é sempre o outro!!  Temos até vergonha de sonhar com a copa. E não me venham com a conversa que a copa é culpada de tudo. Com ela ou sem ela estaríamos na mesma vala funda. E afinal fizemos alguma coisa pra mudar? Será que cada um poderia dizer o que tem feito para mudarmos nosso lindo país? Mesmo que seja ajudar na fila do SUS e carregar balde d´água? Precisamos de muito, muito mesmo. Muito mais que isso.  E somos muitos. Somos tantos!!! Queremos um país melhor para nossos netos…

Vovó Rita

 

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