Era um dia estranho. Eu tinha marcado um encontro com minhas amigas e não tinha dado certo. Estava meio chateada quando uma delas me ligou falando para rezar por ela porque iria fazer uma cirurgia espiritual. Prontamente peguei meus santinhos, levei para a bancada do banheiro (onde eu me sentia segura para acender velas), arrumei bem direitinho, com flores e acendi uma vela rezando muito fervorosamente naquela intenção. Fui então fazer meus afazeres de jardineira, cozinheira, etc e umas 2 horas depois voltei ao banheiro para tomar meu banho. O susto foi grande e nunca pensei que nestas horas a gente ficasse tão idiota, agindo por puro instinto sem enxergar outros perigos.  A vela que era alta mas fina, tinha caído no sentido dos santos e começado o pequeno incêndio. O fogo já estava alto, com o meu São José virado em uma fogueira. Nossa Senhora de Fátima tinha virado uma placa preta grudada na bancada. Santo Antônio e Nossa Senhora de Nazaré estavam bem chamuscados. Sem pensar em nada abri a torneira e com a mão em concha fiquei jogando água até apagar, o que demorou um pouco pois era um pingo de água de cada vez. Por que não lembrei do chuveirinho que tinha bastante força e comprimento pra chegar alí? Quando só tinha fumaça na imagem e ainda meio atordoada com o ocorrido, percebi que todo o banheiro estava com uma fumaça preta, e a fuligem grudada nas paredes, tetos, objetos, e em tudo em volta. E o pior, estava respirando aquela fumaça tóxica por vários minutos. Comecei a tossir muito e fui então abrir janelas pela casa toda . O cheiro era horrível e percebi que outros quartos estavam com fuligem, desde cortinas e colchas até dentro de alguns armários de roupas que tinham ficado abertos. Bem, noves fora, agradecendo por não ter sido bem pior,  levei 4 dias inteiros para limpar tudo e lavar uma imensidão de roupas. Poderia a vela ter caído no lado oposto e ter incendiado o tapete e dali para os armários e por tudo. Ufa…dos males o melhor. E me perguntam quando veem as fotos: “Por que este castiçal tão pequeno?” E a explicação era que aquele castiçal tinha sido da minha tia avó que acendia todos os dias velas nele. E eu gostava de lembrar dela e daquela cena. Bem, o castiçal voltou para a gaveta das recordações e comprei um lampião pra colocar a vela dentro. Ele é um pouco grande em relação aos santinhos mas não correremos mais riscos. Lavei bem o Santo Antônio e a Nossa Senhora de Nazaré que ficarão agora com cicatrizes pequenas. O São José será enterrado tão logo eu ganhe outro da Belinha que irá buscar na Basílica de São José em Montreal nas suas férias com o papai. Eu tinha comprado a imagem lá quando ela nasceu. E quanto à Nossa Senhora de Fátima que acho tão linda foi substituída por Nossa Senhora de Guadalupe feita de sal que comprei nesta última viagem.  Bem, minha filha disse que fomos todos abençoados pelas cinzas que se espalharam…. Amém!!

Tomem cuidado amigos!!! Tia Nadir!! Todo cuidado é pouco.